Nos nossos olhos já não há mais tanto medo, mas também não há coragem. Entre as camadas de sensações, desvencilhamo-nos de um total vazio. Não há nada, mas ao mesmo tempo, ainda não sabemos se o coração está oco.
Tudo aconteceu de uma forma tão afobada que eu sem consigo entender muito bem como realmente estou de pé nesse chão olhando para qualquer coisa de forma indiferente. Num domingo de manhã eu me acordei, você estava na sala e então entre algumas conversas o desentendimento surge e alega uma insatisfação mútua. A frase "é melhor por um fim" fica no ar enquanto você arruma sua mochila e depois some para o trabalho sem despedir-se.
Silêncio.
Durante o dia as lágrimas escapam sem culpa enquanto tento me esquivar das boas memórias através de atividades da casa e remanescem a noite inteira, envoltas pela dor de uma taciturnidade comum fisicamente, mas tempestuosa no peito. Recebo um aviso frio de que não virá à noite. Questiono-me tanto que chego a balbuciar.
Quase não durmo, mas o outro dia chega e as lágrimas também me acompanham junto de música e louças sujas. Você quebra o silêncio avisando que irá no estúdio de tatuagem ao lado de minha casa. Eu decido me arrumar e sair para algum lugar para não precisar te ver.
Ouço o barulho da sua moto estacionando, mas não faço nada a respeito. Estou irredutível.
Você aparece do nada dentro de minha casa enquanto estou organizando os dvd's qie me emprestara.
Seu olhar é singelo. Como se nada houvesse em pendencia a nosso respeito. Segura minha mão e aquilo me soa tão confuso. Eu deixo mas ao mesmo tempo não processo aquilo de uma forma positiva, e meu silêncio perturba o ambiente.
Até agora você está agindo como se tudo estivesse perfeito e não tivesse dado um fim naquele domingo. Você disse que vamos conversar mas eu percebo que no fundo, tudo está muito tranquilo em sua mente.
Eu continuo com um atrito no peito, mas ao mesmo tempo tento ser compreensiva, apesar de continuar a mesma coisa. Faço suas vontades, cedo seus caprichos e relevo sem reclamar a respeito.
Te perdoo tão rápido que nem entendo. Às vezes eu sinto que me subjugo tanto por me considerar inferior.
Se eu erro, seus dedos são os primeiros a me apontar e sua alma torna-se irredutível.
Eu não sei mais o que sentir, mas não consigo mais fingir que nada está acontecendo, porque eu não acho que sou tão pouco para não valer.
Preciso começa a relembrar o meu valor assim como você afirma o seu com suas atitudes que demonstram não precisar de mim e nem ter medo de me perder, porque quando acha que está infeliz, planta lágrimas em meus olhos e sai, mas caso mude de ideia, volta como se nada tivesse feito e eu, boba e impotente, faço-me de sonsa em relação aos ocorridos por medo de não ser capaz.
Eu não quero mais sentir esse medo e nem me humilhar assim.
Não preciso de migalhas, pois estou aprendendo a me respeitar e a olhar meu reflexo sem distorções.
Sou uma pessoa muito boa sim, e que se esforça para ser melhor a cada dia. Me doo o máximo para ser uma boa companheira para tudo e abnego muito. Compreendo muito.
Minha vida é aprender e eu amo desvendar coisas novas. Me jogo em qualquer atividade de envolva conhecimento aprofundado ou geral sobre tudo.
Me esforço para gostar das mesmas coisas e para compartilhar resultados. Sou amiga e sei respeitar e dar espaço.
Tenho defeitos e todos ao meu redor sabem o quanto me aborreço ao pensar nisso. Todos percebem o quanto tenho lutado para aprimorar e conseguir apagar alguns momentos falhos em minha vida, mas o importante é que eu não deixo nada escapar. Não desisto e sempre estou procurando reconhecer meus atritos e desvencilhar minha mente dos mesmos.
Chega de me inferiorizar. Eu mereço tudo o que os outros fazem por mim, e todos merecem tudo o que eu fizer por eles.
Não mereço nada mais nem nada menos do que aquilo que recebo, pois caso o contrário, peço que não me seja facultado.
Você age como se eu precisasse muito mais desse relacionamento. Como se tudo isso fosse uma dádiva para mim e para você um grande exílio ou abnegação de si; e isso é uma grande mentira.
Eu mereço essa relação tanto quanto você merece, então pare de achar que pode me chantagear.
Caso seja colocado um ponto final, não irei me rastejar e nem implorar por nada.
É que tudo isso está me remoendo tanto a semana inteira. Eu não durmo direito e até bebi de tão atordoada que estou, portanto, eu só queria conversar e jogar as cartas na mesa sem dó para ver se, no final, a gente vai remanescer de verdade, porque até então, eu sinto que tudo isso é um grande ludíbrio.