sábado, 24 de setembro de 2016

Meu Oceano


Ao passo que o céu se desbota, desprezo teus apegos. Me apego em meus erros e - o corpo remanesce, mas a mente sai universo afora, deslizando no cálice súbito de uma morte intransigente - envergo o corpo em relação aos borrões que chamo de visão após lágrimas inundarem-me.
Ao passo que tuas rimas perdem a graça, chamo-te em devoção aos velhos tempos de boa maré. Arremango a velha camisa sem cor alguma, assim como a negritude de uma noite com carência de estrelas e deflagro meus desejos, redijo novas fontes e esqueço tudo o que fui.
Aparento reluzente - quem dera fosse eu um velho galho seco em pleno deserto - corpo e alma mergulhados em teus encantos.
Olhos fixados. Mentes atribuladas.
A noite é pura magia, e não seria uma má ideia desconectar-se um momento da autoanulação e brindar a própria existência, entanto, lembro-me de que sou tua - (in)felizmente - e então dispo-me e reprimo o sonho de manumissão.
Meus pensamentos puramente andrajos passam a velejar novamente em meu pequeno oceano chamado "Olhos", e é assim que sigo, desejando ser, mas ser só minha.
 Ser só minha porque o céu já não para todos, mas só para teus caprichos. 
 Ser só minha porque a dor das minhas vontades não realizadas já pesa-me os ombros, e carregar sozinha é complicado. 
 Não ser mais tua porque nunca fui, mas deixei-me pensar ser. 

sábado, 23 de julho de 2016

Uma Carta feita de Dor

Nos nossos olhos já não há mais tanto medo, mas também não há coragem. Entre as camadas de sensações, desvencilhamo-nos de um total vazio. Não há nada, mas ao mesmo tempo, ainda não sabemos se o coração está oco.
 Tudo aconteceu de uma forma tão afobada que eu sem consigo entender muito bem como realmente estou de pé nesse chão olhando para qualquer coisa de forma indiferente. Num domingo de manhã eu me acordei, você estava na sala e então entre algumas conversas o desentendimento surge e alega uma insatisfação mútua. A frase "é melhor por um fim" fica no ar enquanto você arruma sua mochila e depois some para o trabalho sem despedir-se.
Silêncio.
Durante o dia as lágrimas escapam sem culpa enquanto tento me esquivar das boas memórias através de atividades da casa e remanescem a noite inteira, envoltas pela dor de uma taciturnidade comum fisicamente, mas tempestuosa no peito. Recebo um aviso frio de que não virá à noite. Questiono-me tanto que chego a balbuciar.
 Quase não durmo, mas o outro dia chega e as lágrimas também me acompanham junto de música e louças sujas. Você quebra o silêncio avisando que irá no estúdio de tatuagem ao lado de minha casa. Eu decido me arrumar e sair para algum lugar para não precisar te ver.
 Ouço o barulho da sua moto estacionando, mas não faço nada a respeito. Estou irredutível.
Você aparece do nada dentro de minha casa enquanto estou organizando os dvd's qie me emprestara.
Seu olhar é singelo. Como se nada houvesse em pendencia a nosso respeito. Segura minha mão e aquilo me soa tão confuso. Eu deixo mas ao mesmo tempo não processo aquilo de uma forma positiva, e meu silêncio perturba o ambiente.
 Até agora você está agindo como se tudo estivesse perfeito e não tivesse dado um fim naquele domingo. Você disse que vamos conversar mas eu percebo que no fundo, tudo está muito tranquilo em sua mente.
 Eu continuo com um atrito no peito, mas ao mesmo tempo tento ser compreensiva, apesar de continuar a mesma coisa. Faço suas vontades, cedo seus caprichos e relevo sem reclamar a respeito.
 Te perdoo tão rápido que nem entendo. Às vezes eu sinto que me subjugo tanto por me considerar inferior.
 Se eu erro, seus dedos são os primeiros a me apontar e sua alma torna-se irredutível.
 Eu não sei mais o que sentir, mas não consigo mais fingir que nada está acontecendo, porque eu não acho que sou tão pouco para não valer.
 Preciso começa a relembrar o meu valor assim como você afirma o seu com suas atitudes que demonstram não precisar de mim e nem ter medo de me perder, porque quando acha que está infeliz, planta lágrimas em meus olhos e sai, mas caso mude de ideia, volta como se nada tivesse feito e eu, boba e impotente, faço-me de sonsa em relação aos ocorridos por medo de não ser capaz.
 Eu não quero mais sentir esse medo e nem me humilhar assim.
 Não preciso de migalhas, pois estou aprendendo a me respeitar e a olhar meu reflexo sem distorções.
 Sou uma pessoa muito boa sim, e que se esforça para ser melhor a cada dia. Me doo o máximo para ser uma boa companheira para tudo e abnego muito. Compreendo muito.
 Minha vida é aprender e eu amo desvendar coisas novas. Me jogo em qualquer atividade de envolva conhecimento aprofundado ou geral sobre tudo.
 Me esforço para gostar das mesmas coisas e para compartilhar resultados. Sou amiga e sei respeitar e dar espaço.
 Tenho defeitos e todos ao meu redor sabem o quanto me aborreço ao pensar nisso. Todos  percebem o quanto tenho lutado para aprimorar e conseguir apagar alguns momentos falhos em minha vida, mas o importante é que eu não deixo nada escapar. Não desisto e sempre estou procurando reconhecer meus atritos e desvencilhar minha mente dos mesmos.
 Chega de me inferiorizar. Eu mereço tudo o que os outros fazem por mim, e todos merecem tudo o que eu fizer por eles.
 Não mereço nada mais nem nada menos do que aquilo que recebo, pois caso o contrário, peço que não me seja facultado.
 Você age como se eu precisasse muito mais desse relacionamento. Como se tudo isso fosse uma dádiva para mim e para você um grande exílio ou abnegação de si; e isso é uma grande mentira.
 Eu mereço essa relação tanto quanto você merece, então pare de achar que pode me chantagear.
 Caso seja colocado um ponto final, não irei me rastejar e nem implorar por nada.
  É que tudo isso está me remoendo tanto a semana inteira. Eu não durmo direito e até bebi de tão atordoada que estou, portanto, eu só queria conversar e jogar as cartas na mesa sem dó para ver se, no final, a gente vai remanescer de verdade, porque até então, eu sinto que tudo isso é um grande ludíbrio.


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Cavalheiro Maquiavélico

 Não há calmaria que me faça remanescer sob tua indiferença. Entendes tu a profundeza que és? Sabes tu o quão altiva é tua nascente?
 Se meus lábios fossem mel, gladiariam-se contra os teus e contra si próprios.
 Se meus pés fossem valsa, dançariam até chegarem a exaustão completa dentro de teus adornos nada mélicos.
Tu tocas em meu mais profundo sentimento e faz-me ter medo da felicidade que é ter alguém para chamar de seu.
 Faz-me tua, doce cavalheiro maquiavélico.
O céu estrelado não me convém, e nem a ti, mas esqueçamo-nos deste detalhe cândido.
 No agridoce que compõe as notas de um clássico, Dvorak faz papel relevante.
 Nas cores negras que compõe nosso conjunto, nos deixamos levar pelos passos e, inebriados por tão sensitiva harmonia somos levados ao ápice.
 Pálpebras fechadas. O mundo é nosso e a maior verdade do ser pode ser retaliada na impudicícia da alma, que se escancara em nosso incólume desdém.
 Entre piano e violino nossos braços se compreendem.
 Entre impurezas e solidão, nossas almas sensibilizam-se.
 Entre nós, o céu se torna mais lúgubre.





quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Nuances Lunares

Minha redenção são as migalhas de meu corpo curvando, gritando por mais e mais. Meu sorriso são meus ossos trincados, implorando por amor.
Me abrace.
Venha roubar o brilho das estrelas. Os holofotes são todos seus, e os sorrisos todos destinados à você, Lua.
Nua ao espectro, as cordas bambam se estendem em função dos malabares de minha mente, que divaga até o seu lar. Paraíso. Venha sentir o eflúvio do fascínio. O dançar dos aromas que cercam nosso júri informal.
 Certezas me confundem. Nuances me atingem.
Você é o ancenúbio que descarta. Que joga as cartas e decide, por fim, me deletar.
 Você é a seda que me rasga. O véu que me disfarça nas noite de languidez. Matiz da dor, colheita do amor que dissemina as desavenças matinais.
 O sol quer nascer. A aurora precisa florescer, mas sua mantilha cobriu meus olhos.
 Luzes não se ascendem.
Sorrisos são acaçapados e só me resta a escuridão.
Lua biltre, roubou o brilho dos meus olhos e, com isso, nem os corpos celestes fazem mais sentido.
 Luna que esfacela. Juno que alucina a mente. Seduz e desfaz.
 Diana, minha perdição.

sábado, 25 de outubro de 2014

Diga-se de Passagem...

Olha, a vida às vezes tira o dia para ser vigarista, eu que o diga. Eu posso estar bem enganada, mas de acordo com minhas pesquisas, a dita cuja têm sido bem "sacana" comigo.
 Tenho sido rodeada de tanta coisa chata que eu nem sei por onde começar. Eu sei que há uma luz por trás de toda a escuridão. Eu sei que há caminhos que não se deve nem cogitar seguir e, também sei que minha imaginação não têm me ajudado em nada. Diga-se de passagem: a vida é uma droga quando não se têm nada para fazer, ou melhor, quando se têm TUDO para fazer mas essas coisas não estão conseguindo ser processadas em sua mente no momento, porque a mesma decidira processar algumas verdadeira porcarias "desnecessárias"(dependendo do ângulo visual) no momento...
 Eu vim aqui reclamar da vida mesmo, e eu sei que sou péssima nisso (também). É madrugada, e daqui a pouco conseguirei ver o nascer matinal. Isso não me orgulha nem um pouco, pois sei que não me ajudará em nada.
 Para ser sincera, já tentei focar em muitos pontos de vista para que as coisas se tornassem mais "belas", mas, diga-se de passagem: isso foi ridículo e nem preciso cogitar o fato de que não dera nada certo. Sou pessimista, mas até consigo ver uma certa positividade ao raiar matinal, tipo: "menos um dia de vida, OBA"(sarcasmo e humor ridiculamente batidos à parte).
 Eu passei aqui para escrever rapidamente sobre como têm sido chato viver a minha vida. Eu só passei pra dar um aviso bem passageiro de que qualquer dia desses "vida", se você quiser, é claro, poderia dar uma maneirada nas desgraças alheias... Poderia dar uma maneirada nas faltas e esquecer um pouquinho (só um pouquinho) que eu existo, porque só assim eu acho que vou conseguir "viver"(isso foi o cúmulo, pedir à vida que me esqueça para que eu possa viver... olha que eu nem bebo).
 Assim, só um pedido. Um pequeno pedido, porque diga-se de passagem: pelo menos isso eu acho que posso fazer... ACHO...

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Pétalas.

Eu sou uma pétala esfacelada em algum canto. Eu sei que estou por aí, em qualquer lugar onde haja dor. Se você me encontrar, avise alguém que eu já estou meio cansada. Se você me encontrar, faça melhor, não chame ninguém e me deixe pensar em alguma coisa que conserve algo de bom no meu peito, ou que traga. Tanto faz.
 É bem difícil me encontrar no meio dessa multidão. Na verdade, pétalas são coisas tão imperceptíveis quando não estão ligadas à uma flor, que eu nem lhe julgaria caso não notasse minha presença rotineira em sociedade. Na verdade, não lhe julgaria nem mesmo se me visse e não fizesse questão alguma de segurar-me em suas mãos e por entre seus dedos, acariciar-me... Em maioria, só crianças pequenas em média de 7 anos se encantam com uma pétala vagante, como eu.
 Estou perdida por aí e, às vezes (quase sempre), o vento têm mania de me levar para qualquer lugar. Eu sigo o fluxo por não ter opção. Eu só tenho medo. Estou atirada em um chão sujo, esperando que alguém me tire daqui. Esperando que alguém me ame fora de estação. Fora de primavera ou de estampas pitorescas retratadas da mesma. Esperando alguém que me ame de algum jeito mais profundo.
 Eu sou só mais uma pétala que se perdeu de seus ramos. Sou só mais uma pétala rebelde que desfez uma flor... Uma pétala "bem-me-quer-mal-me-quer", talvez.
 Sou só mais uma, dentre uma multidão.

     [...] Espero que você me encontre.


terça-feira, 22 de julho de 2014

The Truth - Richard Guy ( parte 1)

Ninguém mandou ter um coração de pedra. Ninguém mandou dizer que seria tão fácil assim, agora aceite e agüente o tranco. 
 Um personagem tão desobediente quanto eu, deveria receber punição dupla. Um simples figurante de livros ilusórios tão insignificante quanto eu, deveria sofrer de depressão profunda. Sortudo eu fui, sabendo assim que não tenho problemas em ambas as coisas. Sortudo eu fui, quando soube que tudo o que eu pensei sobre mim sempre foi mentira.
 Você sempre pensa que é um máximo e que pode conseguir ser melhor se quiser. Você sempre acha que é capaz e que na realidade o ser humano pode com tudo. Com todos. Somos os melhores. Podemos alcançar todos os nossos objetivos. Somos verdadeiros e odiamos a falsidade. Somos ótimos e autossuficientes. Isso é uma mentira tão deslavada quanto aquela de quando não fazemos o dever de casa no primário e dizemos que o cachorro comeu o tema, só esquecemos o fato de que sequer temos um cão para comê-lo. Mas ok. 
 Se você quiser, não precisa levar em conta tudo isso. Esqueça, caso ache irrelevante.
 Eu só queria dizer que, não, você não é tudo isso. Nós não somos capazes e nem suficientes para coisa alguma. Somos somente humanos, que precisam de ajuda para praticamente tudo. Não vamos alcançar todos os nossos objetivos, e não, eu não estou amaldiçoando ninguém e nem sendo negativo. Estou sendo realista. Não me venha com essa de "pense positivo que tudo dá certo" - Isso é uma mentira daquelas. Não temos força na mente. Não temos nada. Somos .
 Discorde de mim, eu não ligo, já disse que sou desobediente e jamais direi exatamente o que queres ouvir.
 Você consegue se salvar, caso esteja à beira da morte? Mas eu digo sozinho mesmo. Sozinho, sem nada e nem ninguém. Vamos lá, não minta, você sabe que não.
 Nós, personagens fictícios, normalmente servimos para isso. Para confrontar você e seu ego do tamanho do infinito. Para fazer você parar de ser bobo e pensar que no fim tudo vai dar certo. 
 Aprenda uma coisa: as coisas só vão dar certo, quando fizermos as coisas certas. Traçar o certo pelo errado no caminho do coração é só mais uma frase idiota e sem sentido que pessoas usam para se acharem mais filosóficas, "étnicas" e intelectuais. Mas na verdade só demonstra sua burrice interior. 
  Um dia você vai se apaixonar pela minha sinceridade, e por mim também... Só ouça o meu conselho: você não é nada. Você não pode nada e nem consegue nada se não houver algo ou alguém por trás de tudo.